Por João Santiago, Professor de Sociologia da Universidade Federal do Pará, Coordenador da Condsef e Coordenador Geral do Sintsep/PA
Quando muitos foram pegos desprevenidos ou pensavam que as ameaças de Putin antes do 24 de fevereiro de 2022 eram apenas para negociar em melhores termos com a Ucrânia e o Ocidente, eis que tudo se dissipou e chegamos aos 730 dias de guerra, dois anos para ser preciso. Muitas perguntas foram feitas nesses dois anos, muitas respostas foram dadas. Mas, a questão que se coloca novamente é: Por que esta guerra? Por que Putin quer esta guerra? Por que uma guerra de longa duração? O que o Ocidente capitalista tem a ganhar com esta guerra? Qual o efeito do resultado das eleições presidenciais de março na Rússia sobre os rumos da guerra? Para onde vai esta guerra?
As guerras interimperialistas do século XX (1ª e segunda guerras mundiais) tiveram ambas um curto período: 4 anos cada. Havia muitos interesses mundiais entre os capitalistas em jogo e entre os capitalistas e a própria burocracia de Moscou, no caso da segunda guerra mundial, para que uma guerra mundial se prolongasse por mais de 4 anos. No caso da Guerra entre Rússia e Ucrânia, dois anos parecem uma eternidade e ao mesmo tempo um período curto. Um guerra regional, como é o caso da Rússia com a Ucrânia, por não ter os mesmos interesses mundiais envolvidos, não tem uma duração para acabar, e pode se prolongar até que nada se resolva.
Antes de qualquer análise e considerações mais profundas, cabe destacar mais uma vez que o agressor, o invasor nesta guerra é o Putin e a máfia oligarca-capitalista russa, que a Ucrânia, mesmo sendo um país capitalista de menor envergadura, é o país invadido e agredido, e estaremos do lado do país agredido, não importa quais apoios receba. Para alguns que negam o direito do povo ucraniano de receber armas e ajuda dos países do ocidente para se defender caberia muito bem o conselho de Trotsky no artigo “Aprendam a Pensar”, de maio de 1938:
“Suponhamos que amanhã estoure uma rebelião na colônia francesa da Argélia sob a bandeira da independência nacional e que o governo italiano, motivado por seus próprios interesses imperialistas, se prepara para enviar armas aos rebeldes. Qual deve ser a atitude dos trabalhadores italianos neste caso? Tomei intencionalmente um exemplo de rebelião contra um imperialismo democrático com a intervenção em favor dos rebeldes de um imperialismo fascista. Os trabalhadores italianos devem evitar enviar armas aos argelinos? Que os ultra-esquerdistas ousem responder afirmativamente a esta pergunta. Qualquer revolucionário, junto com os trabalhadores italianos e os rebeldes argelinos, repudiaria tal resposta com indignação. Se, ao mesmo tempo, uma greve marítima geral explodisse na Itália fascista, os grevistas teriam que abrir uma exceção para os navios que transportassem ajuda aos escravos coloniais rebeldes; caso contrário, não passariam de vis sindicalistas, não revolucionários proletários”i
Também é lamentável que organizações políticas social-democratas, stalinistas ou neostalinistas e governos de conciliação de classes na América Latina, como o de Lula no Brasil, com o discurso de que se trata de uma “guerra da OTAN” contra a Rússia ou uma “guerra por procuração” do imperialismo ocidental contra a Rússia, negam-se a condenar a invasão russa sobre a Ucrânia ou negam o direito à autodeterminação da Ucrânia, colocando-se na prática do lado do agressor e do invasor russo, de Putin e toda a máfia capitalista oligárquica que governa a Rússia.
Se fosse uma guerra entre dois países imperialistas, como foi o caso das duas grandes guerras mundiais do século XX, teríamos uma palavra de ordem de neutralidade e da derrota destes países imperialistas pelo seu próprio povo trabalhador. Ou mesmo uma guerra entre “estados operários” como foi o caso da invasão da China pelo Vietnã em meados da década de 70 do século passado, um fato não previsto por Marx, Engels, Lênin e Trotsky, nossa posição teria sido de “abaixo a guerra”ii.
Isso não nos faz fechar os olhos de que Zelensky seja partidário da OTAN e um ardente defensor do capitalismo, que tem levado o programa de privatização das empresas estatais e arrendado as terras férteis da Ucrânia para as multinacionais capitalistas como a Cargil, a Monsanto, etc. Apoiar a luta do povo ucraniano, sua resistência, não significa para nada dar qualquer apoio político a Zelensky.
Nem tampouco nos faz cegar os olhos de que as potências imperialistas e capitalistas que turbinam a OTAN e estão dando apoio financeiro e armas para a Ucrânia se defender do poderio bélico russo não estejam interessadas em que a Ucrânia mantenha suas boas relações com as empresas imperialistas e seja um porta-aviões da Otan para enfrentar o poderio bélico e nuclear da Rússia quando a hora tiver chegado.
Balanço da guerra...
O fato é que depois de dois anos de guerra, pouca coisa mudou. A Rússia pouco avançou na conquista de territórios dentro da Ucrânia – exceção de última hora a conquista da cidade oriental de Avdiivka -, o que lhe confere 18% do território da Ucrânia. Por outro lado, a Ucrânia manteve o que reconquistou na ofensiva do final de 2022, das cidades de Kiev, Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Kherson, em setembro e outubro, respectivamente. Na verdade, todos os “combates” maiores se deram pelo ar, através de bombardeios russos através de mísseis e drones ou ucranianos através de ataques com drones.
Pelos números da grande imprensa foram doze mil bombardeios russos com mísseis ou drones nestes dois anos. Pelas estatística da ONU foram mortos 70 mil soldados ucranianos e cerca de 10 mil civis, sem contar os 100 mil soldados feridos; do lado russo tem uma cifra superestimada em 300 mil soldados mortos feita pelo Pentágono. Não temos nenhuma estatística divulgada nem pelo lado russo nem pelo lado ucraniano das baixas na guerra.
Do ponto de vista da economia capitalista mundial, a guerra da Ucrânia trouxe uma insegurança alimentar global, de acordo com os dados de Infomoney: “antes da invasão, a Ucrânia era uma engrenagem importante no sistema alimentar global, respondendo por 10% das exportações globais de trigo, 13% da cevada, 15% do milho e mais de 50% do mercado global para óleo de girassol. O impacto da guerra foi brutal, já que 95% das exportações ucranianas de cereais eram transportadas por via marítima a partir de portos bloqueados ou ocupados pelas forças russas em 2022”iii. Desde de fevereiro de 2022 os preços dos alimentos dos alimentos subiram em todo o mundo, ocasionando inflações na zona do Euro e em diversos países da África e da América Latina, cujo exemplo maior tem sido a Argentina, governada pela extrema-direita.
Para onde vai a guerra da Ucrânia?
Para ser respondida essa pergunta precisa levar em conta vários elementos que fazem parte da “correlação de forças”.
Além da tomada da cidade oriental de Avdiivka pela Rússia, depois de 4 meses de combate, o outro fato novo foi a decisão do Presidente dos Estados Unidos Joe Baiden de aplicar mais 500 sanções contra empresas e pessoas comprometidas em financiar a guerra da Rússia.
Um outro fato de primeira grandeza, caso concretizado, seria o pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares dos EUA para a Ucrânia, mas que hoje esbarra nas disputas internas no Congresso norte-americano entre Republicanos e democratas. A Ucrânia poderia tomar um fôlego bem maior para os próximos meses, mantendo o que conquistou e ensaiando uma nova contraofensiva, mas tudo depende do dinheiro do capitalismo ocidental e particularmente dos Estados Unidos.
Também seria um fato novo a derrota de Putin na eleição presidencial de 15 de março deste ano na Rússia, o que todos os analistas consideram impossível, pois o pequeno “Czar” concorre praticamente sozinho, todos os opositores que poderiam ameaça-lo com a bandeira contra a guerra na Ucrânia foram desclassificados pelo Tribunal Eleitoral Central da Rússia e os que poderiam servir de referência para as massas que odeiam Putin foram assassinados, como foi o caso de Alexei Navalny, que teve a morte confirmada na prisão no último dia 18/02. A não ser que todos os analistas políticos estejam errados, e um tsunami politico esteja prestes a vir a tona na Rússia, que no subterrâneo as massas estejam prontas para dar a resposta nas urnas, nas eleições presidênciais de 15 a 17 de março, ou elegendo um opositor do Partido Comunista Russo (que conseguiu inscrição no Tribunal Eleitoral) ou se abstendo no processo eleitoral. Vimos que no funeral de Alexei Navalny, um pequeno setor das massas saiu às ruas para dar um último adeus e protestar, inclusive com palavras-de-ordem contra a guerra de Putin.
Em muitos processos históricos, as revoluções começaram com um voto de protesto nas urnas contra um governo bonapartista ou ditatorial, como foi o caso da Espanha no início da década de 30 do século passado. Após a derrota do regime nas urnas, o embate vai para as ruas, coisa que hoje é impossível na Rússia atual com a ditadura de Putin e seus oligarcas mafiosos, que tem seu poder baseado no roubo das propriedades coletivas que foram conquistadas na Revolução de Outubro de 1917.
O único que poderia se contrapor ao poder autocrático de Putin e da Oligarquia russa seria o proletariado russo. Entretanto, devido à legislação férrea do trabalho contra os sindicatos independentes, as greves somente são permitidas sob estrita permissão do governo e quando acontecem são reprimidas e judicializadas, e apenas são computados pelo governo as greves dos sindicatos oficiais. No estudo feito por Nikita Lyutov (2019)iv o maior número de greves ocorreram justamente nos anos de 2004 e 2005, quando ainda Putin ensaiava os primeiros passos como ditador da Rússia e quando ainda não se havia constituído o código draconiano do trabalho. Em 2004, por exemplo, ocorreram 5.933 greves e no ano de 2005 foram 2.575. Já em 2006, após a implantação do Código do Trabalho, foram computadas oficialmente 8 greves; e entre 2007 a 2015 apenas 28 greves foram registradas oficialmente, o que dá praticamente 3,5 greves por ano. Ou seja, as estatísticas oficiais desprezaram as greves feitas de forma independentes pelos trabalhadores, e a diminuição do número de greves (não no que foi contabilizado pelas estatísticas oficiais) se deu por conta do aumento da repressão sobre os trabalhadores e seus sindicatos independentes.
Independente disso, tivemos as greves de caminhoneiros nos anos de 2015 e 2017. Esta última, iniciada em abril de 2017 foi contra a introdução do sistema Platon, um novo imposto sobre os veículos de 12 toneladas que circulam nas rodovias federais; esse imposto elevaria o custo dos produtos transportados em 5 a 10%.(Rússia Beyond, 05 de junho de 2018, Aleksei Timofeitchev).
Exemplo recente de greves por fora dos sindicatos oficiais foi a greve dos trabalhadores da fábrica Gemont, em Nizhnekamk, Kazan, a maioria de imigrantes turcos, em março de 2022, que lutavam contra os salários não pagos após a queda do rublo, já por conta da guerra com a Ucrânia. Diante do caráter selvagem da greve, a direção da empresa imediatamente pagou a diferença salarialv.
Numa entrevista no dia 8 de fevereiro ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, a primeira a um jornalista ocidental desde o começo da guerra, transmitida no seu site, Putin declarou que por definição “é impossível a Rússia perder a guerra na Ucrânia” (Le Figaro, 09/02/24). E completou: “parece-me que quem está no poder no Ocidente também percebe isso”.
A questão é: por que Putin tem tanta certeza que não perderá a guerra da Ucrânia? A única possibilidade desta variável se concretizar seria o fim de toda ajuda financeira e armamentos para a o exército ucraniano por parte do Ocidente capitalista. Quando falamos da ajuda militar e financeira do Ocidente à Ucrânia nos reportamos aos números fornecidos pelo Ministério de Defesa Russo. Segundo essa fonte russa, a ajuda financeira do capitalismo ocidental já chegou aos US$ 203 bilhões (cerca de 1 trilhão de reais); em termo de armamentos, a Ucrânia já teria recebido 1.600 mísseis de artilharia, mais de 200 sistemas de defesa aérea, cerca de 5.220 tanques e veículos blindados, sem contar os 500 equipamentos espaciais fornecidos pelos EUA e a OTAN, sendo 70 satélites de vigilância militarvi
É verdade que mesmo com a ajuda as forças do exército ucraniano tem muitas dificuldades, mas sem a ajuda externa praticamente a Ucrânia e Zelensky assinariam sua capitulação imediatamente, pois é um país praticamente esgotado pela guerra, com 6 milhões de refugiados que saíram do país, mais 3,7 milhões que são refugiados dentro da própria Ucrânia; o PIB do país caiu cerca de 40% em 2022, primeiro ano da guerra, com uma leve recuperação em 2023, os estragos causados pela guerra em solo ucraniano já chegaram a US$ 152 bilhões (760 bilhões de reais), com dois milhões de residências destruídas ou danificadas, bem como 8.400 km de autoestradas e rodovias, além de 300 pontesvii.
Do lado da Rússia, os gastos com o orçamento militar aumentou consideravelmente, passando de 7,5% do PIB, de 2022 a 2023, um aumento de 30%, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). A Rússia gastou cerca de US$ 108 bilhões (553 bilhões de reais) com suas forças armadas em 2023, enquanto a Ucrânia gastou US$ 31 bilhões (153 bilhões de reais), três vezes menos que a Rússia, mesmo com o forte apoio do Ocidente. Para 2024, com o orçamento assinado por Putin, a Rússia vai gastar cerca de US$ 140 bilhões (691 bilhões de reais) em investimento militar ou 35% dos gastos do governo. Contraditoriamente, parte desse orçamento é para repor artilharia e armamentos, como o caso dos 3.000 tanques perdidos pela Rússia desde fevereiro de 2022 até agoraviii.
Um fato importante, e o que está segurando a popularidade de Putin com o apoio de 80% à guerra na Ucrânia, é a economia russa, que mesmo com todas as sanções desde o início da guerra, cresceu no último período. De acordo com Michel Roberts “49% das exportações europeias para a Rússia e 58% das importações russas estão sob sanções, mas a economia russa ainda cresceu 5% em 2023 e crescerá ainda mais este ano. Sim, US$ 330 bilhões das reservas cambiais da Rússia foram confiscados pelo Ocidente, mas as reservas cambiais da Rússia continuam sendo mais do que suficientes”ix.
O FMI projeta um crescimento do PIB russo em 2,6%, bem acima do Reino Unido (0,6%) e da União Européia (EU) (0,9%); o déficit russo deverá permanecer abaixo de 1% do PIB, enquanto do Reino Unido ficará 5,1% abaixo do PIB e a UE , ficará 2,8% abaixo do PIBx.
Talvez os cálculos de Putin para falar com tanta determinação incluam justamente os fatores econômicos e políticos das potências capitalistas ocidentais. É fato que grande parte da zona do euro, particularmente a locomotiva europeia, a Alemanha, além do Reino Unido, está em recessão, assim como o Japão. As massas desses países se perguntam por que estão passando por privações e sofrimentos enquanto os governos destinam parte do orçamento para ajudar em uma “guerra” que nem é sua? Além dos fatores políticos, como é o caso da própria disputa pela presidência dos Estados Unidos, que tem Donald Trump como um dos favoritos na disputa até agora, caso sua candidatura não venha a cair por decisão judicial ou por qualquer outro fator. Trump já declarou que sua intenção é tirar os Estados Unidos da OTAN e acabar com a participação dos Estados Unidos na guerra da Ucrânia, voltando ao seu velho slogan da primeira eleição “Primeiro a América”.
Na Cúpula Europeia realizada nestes dias, o presidente francês Emanuel Macron não descartou a possibilidade do envio de tropas dos paises da União Europeia para deter o avanço russo.
Essa proposta encontrou uma oposição implacável, um “nein” (não) de Olaf Scholz, Chanceler alemão e líder social-democrata.”O que foi decidido entre nós desde o início continua válido para o futuro: nenhuma tropa por terra, nenhum soldado será enviado nem pelos estados europeus nem pelos membros da OTAN”xi.
Essa seria uma das últimas alternativas do imperialismo europeu e norte-americano para conter o avanço russo, mas teria um custo muito alto, como o próprio Putin tratou de responder imediatamente a Macron e ao Ocidente, inclusive ameaçando com o uso de armas nucleares: "(As nações ocidentais) devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente ameaça um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Será que eles não percebem isso?!"xii. Também em tom de retórica afirmou que “as forças nucleares estratégicas estão num estado de prontidão total”.
Se as causas gerais da guerra tem a ver com a chegada da Rússia no rol dos países imperialistas e Putin e a oligarquia russa precisam desesperadamente expandir os seus negócios no mundo, retomar a parte do território da Ucrânia para sua órbita, como fez primeiro com a Criméia (com o controle do Mar Negro) e agora com a região do Donbass, no leste, os “acidentes” no percurso podem acabar levando a guerra para outros rumos. Mesmo que esteja ganhando terreno no território ucracinano, Putin já sofreu a maior derrota nesta guerra que foi ressuscitar a cadavérica OTAN e inclusive, com medo de novas invasões de países bálticos ou escandinavos, conseguiu a proeza de trazer países para a aliança militar imperialista que sequer imaginava, como a pacífica Suécia, que teve a aprovação de entrada pelo Parlamento húngaro, o último país membro que faltava confirmar a entrada da Suécia. Ao todo, agora, são 32 países que fazem parte da Aliança militar, sendo 30 europeus, mais os Estados Unidos e Canadá.
A declaração de Macron onde defende que o Ocidente se prepare para enviar tropas terrestres para a Ucrânia seria uma mudança de postura em setores do imperialismo europeu? Sabemos que desde o início a posição de Macron e do próprio imperialismo norte-americano sobre a guerra era da rendição de Zelenskly e da Ucrânia justamente para evitar uma participação maior dos seus países na guerra. “A política do imperialismo norte-americano e europeu é evitar uma vitória contundente para a Ucrânia e também uma derrota retumbante para Putin e a Rússia. Desde o início retiveram a ajuda militar à Ucrânia e tentaram de todas as maneiras pressionar Zelensky a abrir uma negociação na qual ele entregaria parte do seu território. Isto foi público em Davos 2022 com o que foi dito pelo falecido Henry Kissinger e foi manifestado de diferentes maneiras através de Macron e do Vaticano”xiii.
É fato que no primeiro ano da guerra “a invasão do imperialismo russo só foi travada pelo heroísmo da resistência popular-militar ucraniana”.
Enquanto os Estados Unidos estão dispostos a salvar Israel a qualquer preço, porque é um projeto estratégico para o imperialismo controlar os recursos no Oriente Médio, a Ucrânia é apenas mais uma peça, uma moeda de troca, para Washington. Democratas e Republicanos concordam em dar total apoio ao genocida Estado de Israel. Cai por terra a dupla moral imperialista, que não tem problemas em ficar chocado com os crimes de guerra russos (ataques a escolas, hospitais ou estruturas da população civil), mas apoia quando esses crimes ou maiores que estes são cometidos pelo seu aliado sionista.
Concluíamos com estas palavras: “defendemos os trabalhadores e o povo contra a opressão e a agressão militar, venha de onde vier e contra todo o imperialismo, seja dos EUA e da OTAN, seja da Rússia ou da China. Estamos ao lado do povo oprimido contra os opressores. Estamos com as pessoas que se levantam contra os regimes reacionários. É por isso que estamos com a Palestina, com o povo e as mulheres do Irã contra o regime, ou com as pessoas que se levantaram contra o regime criminoso na Síria. É por isso que hoje estamos ao lado do povo ucraniano que se recusa a estar sob as botas do imperialismo russo.”xiv
NOTAS
i .Leon Trotsky. Aprendan a Pensar. Uma sugerencia amistosa a ciertos ultraizquierdistas. In: Leon Trotsky. Escritos, Tomo IX 1937-38, Vol. 2. Bogotá: Editorial Pluma, 1979, pp 485-486.
ii . Nahuel Moreno, Ernest Mandel, Enio Bucchioni e Elisabeth marie. China x Vietnã: revolução chinesa e indochinesa. 1ª edição, São Paulo, Editora Versus, 1979.
iii . Roberto de Lira. Guerra na Ucrânia faz 2 anos com crises e mais fome no mundo; o que mudou em 6 pontos. https://www.infomoney.com.br/mundo/dois-anos-de-guerra-na-ucrania-o-que-mudou-no-mundo, 24.02.24.
iv . Nikita L. Lyutov. Strikes in essential services — The Russian Federation. Kutafi n University Law Review Volume 6 Issue 1 2019; pp. 161-162.
v . Diego Lotito. Primeiras Greves Selvagens na Rússia devido à queda salarial em meio à guerra. https://www.esquerdadiario.com.br/Primeiras-greves-selvagens-na-Russia-devido-a-queda-salarial-em-meio-a-guerra; 08/03/22.
vi.Rússia divulga estimativa de quanto o Ocidente já gastou com a Ucrânia. https://sputniknewsbr.com.br/20240104/russia-divulga-estimativa-de-quanto-o-ocidente-ja-gastou-com-a-ucrania;
vii . Michel Roberts. Ucrânia, dois anos depois, sem fim à vista. https://aterraeredonda.com.br/ucrania-dois-anos-depois-sem-fim-a-vista; 23.02.24.
viii . Carolina Marins. Como dois anos de guerra na Ucrânia tornaram o mundo mais inseguro e bélico. https://www.terra.com.br/noticias/mundo/como-dois-anos-de-guerra-na-ucrania-tornaram-o-mundo-mais-inseguro-e-belico, 24/02/24.
ix . Michel Roberts. Obra citada.
x .Roberto de Lira. Guerra na Ucrânia faz 2 anos com crises e mais fome no mundo; o que mudou em 6 pontos. https://www.infomoney.com.br/mundo/dois-anos-de-guerra-na-ucrania-o-que-mudou-no-mundo, 24.02.24.
xi . L’Allemagne s’afolle de la désunion du couple Macron-Scholz face au conflit em Ukraine (A Alemanha está em pânico sobre a desunião do casal Macron-Scholz sobre o conflito na Ucrânia). Le Figaro, International, pág. 5, 29 de fevere3iro de 2024.
xii . Putin ameaça usar armas nucleares ‘capazes de destruir a civilização’. https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2024/02/29/putin-ameaca-usar-armas-nucleares-capazes-de-destruir-a-civilizacao, 29/02/24.
xiii . A dos años de la invasón rusa à Ucrania. https://uit-ci.org/index.php/2024/02/23/a-dos-anos-de-la-invasion-rusa-a-ucrania, 23/02/24.
xiv . Idem ibidem.